domingo, 4 de setembro de 2011

Entrevista ao Ministro da Educação na Revista Única


A entrevista de Nuno Crato à Revista Única do jornal Expresso, de 3 de setembro,  revela algumas opiniões muito genéricas sobre muitos temas da educação e ensino, mas poucas ideias concretas sobre os diferentes assuntos abordados. Parece-nos ser uma entrevista de lançamento para a introdução de significativas alterações nos currículos do ensino básico, no Estatuto da Carreira Docente e no Estatuto do aluno.
Ao responder a uma pergunta sobre a marca que gostaria de deixar associada à sua passagem pelo MEC, afirmou;
Duas ou três coisas. Comecemos logo pelo ensino básico e secundário. Eu gostaria que, á saída deste governo, houvesse maior autonomia das escolas e maior responsabilidade.
Devemos lembrar-lhe senhor ministro, que todos os seus antecessores disseram a mesma coisa e sempre proclamaram a autonomia da escolas, para o confirmar basta ler os preâmbulos da legislação produzida pelos anteriores ministros dos sucessivos governos.
Quanto aos concursos e colocações de professores, consideramos que as escolas não estão preparadas para esse grau de autonomia, veja-se o exemplo dos recentes concursos de contratação de docentes para as escolas TEIP e escolas com contratos de autonomia, onde os critérios de selecção, alguns deles inconcebíveis, são numa grande parte resultantes da enraizada cultura da cunha e do compadrio, vícios que, como já afirmámos noutras ocasiões,  continuam a fazer de nós um país pobre e atrasado.

Sobre aprendizagens e exames;
Porquê o 6º ano e não o 4º, independentemente de ser mais fácil ou difícil? Porque reparámos que surgem grandes dificuldades nesta transição. Há muitos jovens que chegam ao fim do 1º ciclo e que dominam aquilo que deveriam dominar, mas que parece que depois entram no 3º ciclo tendo esquecido uma série de coisas e perdido uma série de rotinas, de miniprocessos e conhecimentos que já tinham adquirido no 4º ano de escolaridade. É um fenómeno internacional, não é só português.
Programas e currículo;
Vamos fazer reajustamentos nos programas fundamentais – Português e Matemática -, de forma a não criar grandes alterações nos processos. Foram estabelecidas metas pela ministra anterior; a ideia de metas é boa, mas infelizmente não foi tão longe quanto podia. E estiveram sempre balizadas por documentos que precisam de ser alterados. Há um documento orientador de todo o ensino básico que tem de ser revogado rapidamente, que é o chamado Currículo Nacional de Competências Essenciais, porque tem orientado de forma negativa a maneira como os programas estão a ser construídos estão a ser interpretados. Vamos trabalhar aí e nas metas, de forma a que o osso dos programas se torne mais claro.
Formação de professores;
…a formação de professores é outro aspeto em que nós temos de ser mais rigorosos.
Exame de entrada na carreira;
Sempre defendi. Já está na lei, agora temos que a regulamentar e pôr em prática. E vamos tomar uma série de medidas, em colaboração com as escolas de formação de professores, para que seja mais rigorosa.”
As pessoas dizem que não basta saber, é preciso saber ensinar. É verdade, mas sublinharia que não se pode ensinar aquilo que não se sabe muito bem e, quanto melhor se souber, melhor se saberá ensinar.

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