segunda-feira, 18 de abril de 2011

Opinião - J. A. Pinto de Matos

Para a educação, na visão do Sr. Secretário de Estado, especialista nesta área (coincidência, certamente!), o que é prioritário (e único, ao que se constata) é a avaliação do desempenho. Especifique-se para que não restem dúvidas: avaliação do desempenho dos professores. Não fosse algum ingénuo pensar que se pudesse estar a falar de projectos ou formação na avaliação dos alunos. Isso, como tudo o resto na educação, não é “prioritário” para o Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Educação. Tendo dado por concluído o edifício legislativo da avaliação do desempenho, a decorrer normalmente, nas palavras da Sra. Ministra da Educação (até a oposição se intrometer), que pretende o Ministério senão uma justificação ou validação “científica” para as decisões já tomadas? 
A obsessão sobre a avaliação do desempenho dos professores é te tal monta que turva o entendimento dos nossos governantes. A avaliação do desempenho dos professores não pode transformar-se no alfa e no ómega da Educação. É importante que os docentes e a sociedade em geral não sejam arrastados por intensas e intoxicantes acções de marketing para apenas este tema, promovidas ou com anuência táctica dos governantes, descurando o debate e a promoção da educação propriamente dita, em que todos devem participar. 
Não questionando a possibilidade de o Ministério incentivar e definir áreas de investigação que considere prioritárias, não parece aceitável (muito menos para um “investigador”) excluir à partida projectos com mérito ou qualidade inquestionável noutras áreas educativas, onde a investigação sistemática deve ser mantida, para acompanhar, compreender e responder à contínua evolução social e tecnológica.
Menospreza-se assim, numa penada, o trabalho dos professores com os alunos. Sendo esse o essencial da sua função, nada seria mais natural que os projectos de investigação a desenvolverem (ou, pelo menos, alguns) pudessem incidir sobre os (outros) diferentes saberes a ela inerentes e à sua prática pedagógica. Mas essas matérias não revestem a mesma fulcralidade no desenvolvimento profissional dos docentes e na qualidade do ensino público, segundo o esclarecido Ministério da Educação. 

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