quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Opiniões - Henrique Raposo

No momento de aflição, José Sócrates recorre àquilo que sempre desprezou: o PS. O partido devia dizer uma coisa ao líder: a legitimidade eleitoral está no parlamento, e não no primeiro-ministro.
I. O país atingiu o limite da decência democrática. Sem condições para governar, o primeiro-ministro está em plena campanha interna dentro do próprio partido que o apoia. Isto revela uma fragilidade insustentável. Nós, como comunidade política, não podemos ter um líder tão fragilizado.
II. Já sabíamos que Sócrates despreza, por completo, as regras institucionais de uma democracia. Agora ficámos a saber que Sócrates nem sequer respeita as regras internas do PS. Em declarações ao "Público", Pedro Baptista (PS Porto, ex-deputado) diz que Sócrates tem desrespeitado os estatutos do partido. Mais: diz que o partido "tem vivido numa ditadura de silêncio e agora, porque o líder tem um problema, carrega-se no botão e acciona-se o rebanho".
III. Sócrates perdeu qualquer credibilidade para governar o país, mas o PS mantém a legitimidade para governar. Sócrates, como qualquer primeiro-ministro, não tem um mandado unipessoal para governar. A legitimidade está no PS, e não no círculo fechado do "socratismo". Os barões do PS devem avançar. Devem avançar para salvar um pouco do regime, e, acima de tudo, para salvar o PS. Sócrates está fora da realidade. Não quer ver a realidade, e essa sua cegueira está a afundar económica e eticamente o país. O PS ainda pode salvar a situação.

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