terça-feira, 16 de setembro de 2014

É isto normalidade?

Um país sempre a começar do zero

Editorial do Público

É incompreensível que, Setembro após Setembro, o ano lectivo em Portugal comece sempre como se fosse a primeira vez, como se no ano anterior não houvesse um milhão e meio de crianças a aprender e seis mil escolas para organizar.
Professores do Sul souberam na sexta-feira que iriam ser colocados esta segunda numa escola no Norte. Professores de escolas “difíceis” pediram renovação mas não foram colocados e as escolas abriram só com auxiliares. Vários professores foram colocados para um mesmo horário que não foi pedido pela escola. Vários foram contratados para um mesmo lugar. Professores do quadro foram retirados do concurso por já terem horário quando afinal não tinham. Professores colocados de acordo com uma ordenação ambígua… A lista é longa.
De novo, várias escolas abriram sem professores. A primeira aula do primeiro dia de escola foi um “furo”. Os grandes foram dar uma volta, os pequenos regressaram a casa com os pais. Em Portugal, o início das escolas tem sempre tropeções inexplicáveis e as colocações são sempre feitas apenas no fim do Verão. Em dez anos, no entanto, não há memória de ter sido tudo tão complicado e feito em cima do joelho.
Nuno Crato conseguiu somar aos problemas antigos vários novos problemas sem resolver nenhum dos velhos. E assim, mais uma vez, chegámos a este triste 15 de Setembro, primeiro dia de aulas, com três mil professores a chegarem à escola no mesmo dia ou depois dos seus alunos.
Crato diz que o ano começou bem e “dentro da normalidade”. É isto normalidade? Não será possível, pelo menos, garantir que a colocação dos professores não é feita depois de as aulas começarem? É pedir de mais? Será preciso criar um prazo limite legal, como se faz com a meia-noite de 15 de Outubro para a entrega do Orçamento do Estado? É assim tão complexo alterar as regras de modo a que, no fim de Junho, os professores saibam onde vão trabalhar três meses depois, para que eles organizem as suas vidas e, já agora, também os directores das escolas e as famílias? Há mil razões para que isso não aconteça. Mas nenhuma faz o menor dos sentidos.

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